In your hands

Existiram tempos, neste lugar; tempos que não eram sagrados nem comuns. Apenas tempos. Como compassos desfeitos pelo vento, pedaços de algodão que se libertam das mãos. Apenas tempos. Às vezes, quando volto aqui, pergunto-me se, daqui a muitos anos, daqui a milénios de anos, daqui a resmas e resmas de anos, quando os anos já forem tantos e tão pesados que ninguém os poderá já sentir, às vezes pergunto-me se, daqui a muitos anos, existirão ainda memórias a flutuar pelo universo.

Quando somos um só, não somos apenas o caminho que se dobra na estrada para se perder da nossa vista. Quando somos um só, somos verdadeiramente pessoas; somos aquilo que devíamos ser. E eu queria tanto, tanto, tanto que eles compreendessem. Queria tanto que todos fôssemos um só. Tanto.

Talvez um dia eu seja as memórias que repousam nas linhas das tuas mãos e fazem delas a sua casa.